sexta-feira, dezembro 23, 2005
Um Sofrível Natal
JM. / 9:15 da tarde

«Oh, coração endemonhado»
JM. / 2:02 da manhã

quarta-feira, dezembro 21, 2005
Pop God
JM. / 1:27 da manhã

A Cama (pág. 33 de «Diário Transcendental»)
JM. / 1:02 da manhã

Anjos
JM. / 12:56 da manhã

segunda-feira, dezembro 19, 2005
Apontamento (pág. 15 de «Diário Transcendental»)
JM. / 6:43 da tarde

sexta-feira, dezembro 09, 2005
Todos procuramos a felicidade

Conceito esquivo, fugidio, como a maior parte das coisas importantes na vida, todos andamos à procura da felicidade.

Todos a merecemos mas não é fácil alcançá-la ou sequer defini-la. Pela sua subjectividade extrema, é, contudo, um tema quase inesgotável pois que toda a actividade humana (em sentido amplíssimo) se poderá subsumir, sem grande dificuldade, à perene crónica de sua busca.

Assim, as pistas multiplicam-se até à vertigem: da filosofia, aos sistemas ideológicos, da teologia às concepções místicas (que parecem ao leigo sempre difusas). E, claro está, ao que subjaz ao aparente despojamento espistemológico das ciências (e da técnica) modernas, quer quanto às ciência exactas quer quanto às ciências humanas.

Poder-se-á considerar que todo esse esforço foi, é e será feito com o objectivo último da máxima felicidade (para o colectivo ou para o indivíduo). Mas.
Mas, nunca se chegou verdadeiramente lá (aí onde o destino nos sorri). E multiplicam-se as soluções.

Das mais felizes imagens sobre a felicidade: um pássaro azul que foge no momento em que o tentamos agarrar.
JM. / 8:14 da tarde

Gregor Samsa
Gregor Samsa é, além do mais, a parábola à solidão. Transcende a simples metáfora, porque é história contada como mito (ou como um facto real o que, para o exacto efeito, é o mesmo).
A transformação física marca o corte, quebra abissal irreversível de Samsa com a humanidade. Contudo, poder-se-á especular que tal foi apenas a formalização ou materialização de uma situação já existente. Gregor Samsa já estava irremediavelmente só, apenas não o sabia. Assim, a mudança não teria sido radical; pelo contrário: apenas lhe (e nos) revelou a sua verdadeira situação; como se a sua essência lhe entrasse na carne.
A forma tão bizarra que lhe foi imposta, essa sim, é simbólica, pois na estranheza da a demarcação absoluta entre o seu «eu» e o «eu» dos outros - totalitário afastamento sem remição - é, talvez, o que melhor caracteriza a solidão inelutável de existir.
JM. / 6:43 da tarde

quinta-feira, dezembro 08, 2005
Uma ideia...
Se, como por vezes insinua Borges, o Mundo é um sonho sonhado por cada um de nós, então o individuo que sonha e assim engendra todo um universo é Deus ou, pelo menos, algo de mais rico e complexo do que a sua própria imagem sonhada.
JM. / 6:35 da tarde

Notas sobre a sociedade pós-humana
Quando será inaugurada a sociedade pós-humana?

Linhas de evolução:

Quando falo em sociedade pós-humana refiro-me a duas linhas distintas de concretização (embora todas as alterações/inovações sejam, ou possam ser, cumulativas):

a) a fusão entre o ser humano e a máquina (o ciborgue);
b) a alteração (o melhoramento) do ser humano através da engenharia genética.

a) Quanto à primeira há três orientações possíveis (fora as aplicações médicas):
- a integração no corpo de «meros» interfaces com a máquina (com aplicações no domínio da domótica por exemplo);
- a integração no corpo de acesso directo à internet (ligação indivíduo-rede, ie, indivíduo - comunidade de informação);
- melhoramento do corpo (i.e., das capacidades biológicas) através de implantes ciberneticos-bio-mecanicos (visão, audição, força, etc e, até das capacidades intelectuais).

b) Por outro lado, a transformação genética poderá também incidir sobre três vertentes:

- aplicações médicas (tratamento e prevenção de doenças genéticas, ou de outras patologias através de medicamentos com intervenção de respostas biológicas provocadas por alterações genéticas, medicina regenerativa, usando o cultivo de orgãos geneticamente compatíveis pois seriam «cultivados» com a exacta informação genética do paciente);
- aumento das capacidades biológicas (mais uma vez de capacidades naturais, como a visão, audição, força, inteligência, resistência física e às patologias, etc, etc);
- prolongamento (com incidência directa) da longevidade. Nomeadamente a capacidade de prolongar a vida mantendo um maior período de juventude (ou de retardar o envelhecimento), o que significa uma vida activa mais longa.

No entanto, a sociedade pós-humana só será verdadeiramente inaugurada quando, da aplicação singela ou combinada de algumas ou de todas estas técnicas com incidência directa nas capacidades humanas essenciais (ie, com reflexos profundos naquilo que se considera ser a «natureza humana») resultará uma geração que condicionará, por sua vez, uma evolução dialéctica exponencial na geração seguinte?
JM. / 6:21 da tarde

Desabafo
Poderia dizer que não custa tanto encontrar as respostas como escolher as perguntas. Que respostas (já) as há. E muitas. Para todos os gostos, em diversas receituários existenciais, em modelos e cosmovisões várias, diversas entre si e/ou teimosamente contraditórias; ao longo dos tempos e sociedades.

Tal afirmação parece, mesmo, de indiscutível banalidade. E no entanto... Retorna-se, sempre, às mesmas inquirições, procuram-se (re-investe-se em) velhas questões sob novas perspectivas (de abordagem), nem que seja com o olhar da moda.

Convém sempre recorrer a Borges:

Quadra
Morreram outros, mas isso aconteceu no passado,
Que é a estação
(ninguém o ignora) mais propícia à morte.
Será possível que eu, súbdito de
Yakub Almansur,
Morra como tiveram de morrer as rosas e
Aristóteles?

Do Divã de Almoqtadir el Magrebi (século
XII)


É, aliás, essa perplexidade que consubstancia a obscenidade de morrer. Porém, ao contrário de Borges, não digo da morte. A morte terá o seu lugar na ordem das coisas (poderia ainda recorrer a tantas outras impressões borgianas...). Falo da predicação ontológica de morrer ... ou, jocosamente, de morrer enquanto verbo transitivo por excelência ...

Mas, o morrer é estranho. O deixar de ser. Depois de tudo. De tanto pensar e agir e anelar; emoções, consciência(s) e metacogniscência. Laços (emocionais) e direitos; como, ainda assim, se pode morrer, sem, pelo menos, saber o que vem depois ou foi antes? Mais, serão estas as perguntas? Serão estas as perguntas que importam?

Desde a ordem do universo ao nosso lugar infinitesimal nesse todo (ou neste todo humano), a questionação escatológica salta, resvala, numa procura ontológica.

Heidegger terá as respostas, uma aproximação, pelo menos? Colocou bem o problema?

Embora procurar um caminho seja, já, um caminho, será esse o caminho, ou, será esse o único caminho?

E, no seio destas Grandes Questões, onde ficam as pequenas? O dia-a-dia; o minuto-a-minuto da vida (e o tempo? ? outra grande questão).

Será a alegre ceifeira, de facto, mais feliz?
JM. / 6:16 da tarde

Low Tech / High Tech
Ou

O elogio dos livros
Ou

Decálogo bibliófilo

É interessante olhar os livros sob um ponto de vista, digamos, «instrumental»; na óptica do hodierno «deve & haver», que se imiscui em todo o pensamento (ideológico) moderno.

Isto quer dizer: olhar para os livros, superando a dicotomia (incontornável, parece) entre o pensamento tradicional, conservador (quer lhe chamemos humanista ou crítico da pós-modernidade) que tende a ver os livros enquanto objectos com um valor muito específico e como repositórios, por excelência, do saber (mais do que só da palavra escrita) e a avaliação «economicista» da quantidade de informação.
E, é fácil constatar como há um equívoco de base: quando se fala de livros, não se pergunta (seria, quase, rude) qual o número de páginas, mas qual a «qualidade» do autor, do interesse do tema, enfim da «qualidade» da obra, mas, em contrapartida numa qualquer questão informática (num «produto» informático) parece estar sempre em causa uma «quantificação»; o debate tende a desenvolver-se à volta de uma avaliação meramente «performativa» do seu «objecto»: quantos megabytes, ou gigabytes? Qual a velocidade de processamento, etc, etc...

Não. Olhemos os livros como objectos técnicos.

Enfim, é aqui que entra o elogio da tecnologia low-tech dos livros.

Então, vejamos:

1. Os livros são extremamente eficientes do ponto de vista da economia energética (não necessitam de fonte própria de energia para poderem funcionar).

2. A sua matéria-prima é iminentemente reciclável.

3. Não emitem radiação, nem contêm produtos tóxicos, pelo que são saudáveis, inclusive recomendáveis a crianças.
Ou seja, os livros são ecológicos e não prejudiciais à saúde.

4. São produtos estáveis; não se avariam, não estão sujeitos a vírus, a ataques de hackers ou erro de programação.

5. São resistentes, podendo durar alguns séculos e, por vezes, até milénios, algo que o suporte informático, diga-se em abono da verdade, ainda não teve possibilidade de demonstrar.

6. O livro tem por base uma tecnologia estável. Não há o risco de se tornar inoperacional (o que seria uma forma de obsolescência) com o surgimento de outras tecnologias (como consultar, hoje, algo que esteja registado numa fita perfurada?).

7. É user friendly: basta saber ler.

8. O livro é, em geral, relativamente barato para o utilizador final; pelo menos no sentido em que este não tem de adquirir hardware específico e prévio à consulta dos conteúdos.

9. O livro leva ao extremo as capacidades da ideia de plug and play: depois de adquirido... basta abri-lo (e já está a funcionar).

10. Por último, tem largas vantagens nas possibilidades de personalização (sempre evitámos a palavra «costumização»): com outra tecnologia de apoio também com grandes vantagens no eixo eficiência, economia de meios, preço e facilidade de utilização - "o lápis" - podem-se acrescentar todo o tipo de informações ao produto de base - "o livro" - mediante anotações interlineares, laterais ou notas de rodapé.

Demonstram-se, assim, as vantagens tecnológicas que o livro tem sobre os sistemas informáticos enquanto repositório de conhecimento e informação, embora se reconheça que o ideal seja, complementarmente (quiçá com carácter de excepcionalidade), usar ambos os media.
JM. / 6:06 da tarde

Nome: João Pereira de Matos
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